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CONVENTO DE Nª SRA DA VISITAÇÃO

A Quinta guarda ainda a memória dos jardins islâmicos dos finais do século X que os antigos almoxarifes dos castelos de Alenquer, Óbidos e Vila Verde dos Francos fundavam no isolamento da serra de Montejunto. A cultura do Al-Garb andaluz mantém-se nos tanques e espelhos de água corrente que refrescam os dias quentes de Verão. Tendo sido conquistada por cruzados franceses, só se constituiria domínio senhorial em 1233, no reinado de D. Sancho I.

Gonçalo de Albuquerque, Senhor de Vila Verde, e pai de Afonso de Albuquerque, (primeiro Governador da Índia), terá edificado o primeiro Convento da Visitação num local sem água. Nas primeiras décadas do século XVI, João de Castilho inicia a campanha de obras do segundo Convento, terminado em 1540. A sala do capítulo, mandada construir por Violante de Noronha, em 1660, é uma jóia do maneirismo português. O altar-mor em mármore e embutidos segue o modelo de João Antunes.  A entrada do claustro para e igreja e a sacristia mantém alguns pormenores de frescos e brutesco do reinado de Filipe I.

Na nave central, e datada do mesmo ano de 1566, evidencia-se a pedra tumular do donatário deste convento da Ordem terceira de São Francisco D. Pedro de Noronha Sexto Senhor de Vila Verde e irmão de Afonso de Albuquerque. Também D. Catarina de Ataíde, a eterna namorada de Luís de Camões e mulher de D. Pedro de Noronha (Sétimo Senhor de Vila Verde), esteve sepultada na galilé da igreja antes de ser transladada para o Convento da Graça em Lisboa.

O corpo da igreja está revestido a azulejos de albarradas azuis e brancos do período Joanino, e os da capela-mor, do período rococó terão possivelmente sido encomendados a Valentim de Almeida pela primeira mulher do 1º Marquês de Pombal, Teresa de Noronha e Bourbon, donatária do Convento.

CAPELAS E ERMIDAS DO CONVENTO

Fazem ainda parte do património da Quinta do Convento, as capelas e as ermidas edificadas em diferentes lugares das matas seculares.

A amenidade e beleza do local convidam a uma caminhada até ao mirante para ver o mar, e se a visibilidade for boa, as Berlengas, descansando naquelas pequenas ermidas que promovem a contemplação ou nos bancos, observando nichos e fontes que revelam o crescente gosto pelo luxo nos séculos XVI e XVll.

"Obra coriosa e devota que serve de mirante para a banda do Norte, desde onde se descortina todo o terreno que vai até Peniche, e mais terras circunvizinhas em roda. Tem a mesma cerca outra Ermida de N.Sra. da Nazareth também de meia laranja que fica em hua via interior coberta de arvores frondosas que fazem a deliciosa, com os seus assentos junto da Ermida, e pavimento de xadrez de várias pedras miúdas, o que tudo faz o sitio aprazível e visttoso " Tem mais a Serca duas Ermidass, hua pegada á outra: a que fica superior sem suficiente Ambito, também de meia laranja é dedicada a O Sto Onofre; a que fica em baixo tem mais a forma de gruta que de Capella por ser formada por dous grandes penedos natuaes, que acabão num ângulo agudo, dedicada a Santa Maria Madalena. He de admirar que com toda a circunferência da cerca que he bastante grande, nem huma só arvore tenha brotado para fora dos muros, nem arruinado hum palmo delles, estando muitas vezes contíguas a elle".

In Archivo do Convento- Descrição do Convento

SÉCULOS XIX E XX

No princípio do século XIX e após a extinção das Ordens Religiosas em Portugal, Sebastião José de Carvalho Visconde de Chancelleiros, Ministro das Obras Públicas na época, adquiriu o Convento da Visitação fundado em 1540, bem como algumas outras Quintas, e transforma-as em belíssimas propriedades vitícolas. Assim renasce uma das mais antigas Quintas da região de Alenquer.

 
Ali mandou edificar uma magnífica vivenda, hoje classificada como edifício de elevado interesse histórico e patrimonial, bem como uma adega para apoio à zona vinhanteira que cobre algumas das faldas da serra de Montejunto em finais do século XIX, hoje recuperada e em funcionamento.
 
Cem anos mais tarde, os vinhos adquiriram elevada qualidade, facto que não passou despercebido a Abel Pereira da Fonseca, também proprietário e importante negociante de vinhos na época, que compra a Quinta e reconstrói a adega, modernizando as instalações, e divulga e comercializa com sucesso o vinho, prática que mantém mesmo depois de ter vendido a Quinta ao Comendador Nunes Correia.
 
A água do convento da Visitação, Factor prevalecente ao longo dos séculos, foi estudada no início do século XX. O pelo Prof. Charles Lepierre que classificou a água da nascente da Fonte do Leão como minero-medicinal, bicarbonatada, fluoretada cálcica, principalmente adequada para o tratamento de doenças do foro digestivo. É uma das primeiras águas a ser referenciada na Europa, ao lado da do LUSO, da EVIAN e da VICHY e chegou a ser comercializada em Lisboa.
 
Em 1975 Josué Carvalho, adquire a Quinta do Convento, e conjuntamente com a sua nora Cristina de Albuquerque, fundam a Sociedade Agrícola da Quinta do Convento da Visitação em 25-09-1997.

Durante mais de quinhentos anos a Quinta do Convento conheceu apenas cinco proprietários diferentes, mantendo sempre uma estrutura familiar. Hoje a gestão da Quinta é da responsabilidade de Cristina que se orgulha de ter progressivamente e completamente reestruturado as vinhas, adquirindo algumas, renovando equipamentos técnicos e edifícios de exploração vínica.
 
A Quinta do Convento faz parte das Rotas do Vinho de Alenquer, um itinerário turístico oficial com características culturais e gastronómicas centradas no vinho.


Este importante património está presente no museu virtual MUSEU SEM FRONTEIRAS 

 como ícone da arte do barroco em Portugal.